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Resenha: Shamir – ‘Ratchet’



Poucos dias após o lançamento de 'The Desired Effect', segundo álbum de Brandon Flowers, outro cidadão de Las Vegas lançou um trabalho tão aguardado quanto. 'Ratchet', do debutante Shamir, é marcado pelos contos de uma juventude abandonada no norte de Las Vegas, uma parte que ele mesmo descreve como "desconhecida por Deus". 'Ratchet' (uma gíria americana para 'diva') reúne canções que soam bastante familiares àqueles que vivem em ambientes interioranos, mas tem uma mentalidade urbana.

Com apenas 20 anos de idade, Shamir nos fala de jovens entediados que anseiam por oportunidades nos lugares onde vivem e se divertem como adultos. Embora tenha uma aparência andrógina e uma pose digna de Grace Jones, ele é um garoto que adora sossego - característica que se manifesta nos versos das canções. Em entrevista à NME, o jovem declara que gostaria de se mudar para uma fazenda no Arkansas e compor músicas como Bon Iver faz.



Distante das influências folk, Shamir une o pop sueco de Robyn às impecáveis batidas de Donna Summer. A house "Vegas" é uma reunião de sarcasmos sobre os prazeres míticos da Cidade do Pecado ("Cuz it's Vegas, Vegas, Vegas, Vegas/ The city's alright/ At least at night").

"Call It Off" foi criada para ser um hino de desapego e positividade. Em abril deste ano, para promover o single, Shamir criou um número de telefone para que as pessoas desabafassem os próprios problemas de relacionamento. As pessoas deixavam seus recados e tinham a opção de escutar um trecho da música diretamente no telefone, uma experiência tão vintage quanto a vibe disco da canção.



O lançamento do single foi recebido com entusiasmo e a "Vanity Fair" a elegeu como a Melhor Música da Semana. Quem é que, em meio a uma grande encrenca, não seria amparado pelos versos “no more basic, ratchet guys/ Listen up, I’m saving you/ From all the hell that you’ll go through"?

"On the Regular" e "Hot Mess" nos remetem ao pop bem humorado da francesa Yelle e do Mika. Aliás, o vídeo de "On the Regular" é um manjar para os olhos de fashionistas, com referências ao kitsch dos anos 80 e à moda hip hop usada por negros nos subúrbios americanos no início da década de 90.

"Darker" soa como uma balada pop com grande potencial para embalar sequências dramáticas e pode agradar os que se envolveram pelo estilo de Sam Smith. E isto não é nada mal: em todo o álbum, é a canção na qual apostamos nossas moedas para que vire um hit.



Igualmente interessantes, "Demon" e "Youth" são as faixas que fazem maiores referências ao pop sueco de Robyn, trazendo vocais mais suaves para complementar as batidas eletro.

É impossível não ficar tocado pela androginia de Shamir, que se manifesta nos vocais potentes em todo o álbum. O trabalho do jovem certamente nos acompanhará por um bom tempo e torcemos para que sua natureza pacata resulte em trabalhos tão maduros quanto 'Ratchet'. Que continue a não passar despercebido.

Ouça: “Vegas”, “On The Regular” e “Hot Mess”.





Resenha crítica por Ana Carolina Rodarte

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