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Resenha: Rihanna – ‘ANTI’



‘ANTI’ deixou de ser lenda e finalmente viu a luz do dia. O álbum mais curioso – e complexo, ousaria dizer – da caribenha Rihanna está entre nós, após 3 anos de trabalho em estúdio, polêmicas diversas e gente saindo por e contra a vontade da lista (essa é pra você, Azealia.).

Há tantas coisas que precisam ser ditas sobre ‘ANTI’, mas me aterei a alguns pontos chave observados no registro. Esse disco não é apenas (mais) um produto pop: o novo trabalho da barbadiana é a popularização do dito alternativo no meio mainstream. De todas as vezes em que algo foi tentado, dois resultados foram obtidos: discos péssimos ou extremamente bons. O oitavo disco de RiRi se encaixa na segunda colocação feita.

É provável que Rihanna tenha vivenciado algo próximo do que a canadense Grimes enfrentou com seu single “Go” em 2014 – que curiosamente foi escrito para a barbadiana: um retrabalho às pressas no álbum após uma recepção ruim do lead single. Se Grimes precisou apenas de uma faixa para descartar um material já pronto, RiRi tentou ainda por três vezes. Seja através da desanimada parceria com Kanye West e Paul McCartney (onde o ex-Beatle limitou-se apenas a tocar violão), pela forçada e polêmica “Bitch Better Have My Money” ou pela morna “American Oxygen”, o novo disco seguia por caminhos cada vez mais afastados, solitários e incertos.



Após um bom tempo sem novidades (e apostando na carreira de modelo), Rihanna apresentou teasers sobre o boato que ‘ANTI’ se tornara. Se em tempos passados a artista estava sempre preparando algo, encerrando e iniciando divulgações seguidamente, com o novo trabalho a falta de pressa imperava. Eis que nos últimos dias de janeiro, o verdadeiro lead-single viu a luz do sol: liderado por uma morna “Work”, em parceria com o rapper Drake, ‘ANTI’ aparentemente assinava sua sentença de morte. Aparentemente.

Carly Rae Jepsen inaugurou uma nova era para a música pop em 2015, com o seu delicioso ‘Emotion’: a junção do pop radiofônico com nomes pouco conhecidos no cenário mainstream, seja em parcerias ou na produção. Rihanna apostou em uma estratégia semelhante: convidou a cantora SZA para a faixa “Consideration”, bem como se lançou em sonoridades cada vez mais distantes das apresentadas anteriormente, além de vídeos curtos introdutórios dirigidos por ninguém menos que Yoann Lemoine (a.k.a. Woodkid).



‘ANTI’ não foi feito para a balada. Se você esperava um álbum que permitisse inúmeras coreografias ou hits, esqueça. Ouça ‘Loud’, ‘Good Girl Gone Bad’ ou até o fraquinho ‘Talk That Talk’. O oitavo disco de RiRi é um disco para se apreciar em ótima companhia e, para quem curte, fumando um. Se antes nós tínhamos uma Rihanna servindo fast-food na forma de música, agora nos deparamos com um prato refinado que merece ser degustado com calma e atenção.

O trabalho reúne em 13 faixas na edição padrão uma miríade de referências, indo da sonoridade oitentista embebida em guitarras vista na deliciosa “Kiss It Better” à um surpreendente flerte com a soul music na maravilhosa “Love On The Brain”, passando por experimentalismos (“Woo”), interlúdios que exalam sensualidade (“James Joint”) e melancólicas baladas (“Close To You”), que fariam Adele se perguntar porque não fez isso antes.



Destaque ainda para o curioso cover de “New Person, Same Old Mistakes”, dos australianos do Tame Impala, rebatizada apenas como “Same Ol’ Mistakes” na nova versão. Apesar de manter exatamente a mesma sonoridade, soando as vezes como Rihanna cantando em um karaokê, a faixa serve para mostrar que RiRi consegue se aventurar em outras áreas sem soar caricata ou deslocada.

‘Anti’ não é um disco apenas para os fãs de Rihanna. É um trabalho para quem aprecia boa música, independentemente de onde ela venha. E se você quiser dançar ao som dele, que seja à meia luz, bem lentamente. O oitavo disco da carreira da barbadiana é, sem sombra de dúvidas, uma das maiores sacadas de sua carreira e ironicamente, um dos melhores discos do pop atual, digno de estar ao lado de álbuns como “Confessions On A Dancefloor”, de Madonna e o próprio “Emotion”.



Ouça: “Consideration”, “Kiss It Better”, “Needed Me”, “Love On The Brain”, “Close To You”.

 NOTA: 8,5/10 

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