"Não, amigo(a), para o bem ou para o mal, Bárbara Eugênia não é uma cantora/compositora 'fofa' e nem fez um disco idem", disse Xico Sá. E disse verdade. A bela moça esguia, que rasga versos de decepções e declarações amorosas num rock sessentista, não está por aí desde ontem. Journal de BAD, seu primeiro disco, veio ao mundo em 2010. Nasceu todo psicodélico e capaz de ser chamado de completo. Bárbara conseguiu nele a sinestesia musical. Por isso o álbum leva à risos, gritos, cheiros, provocações, sensualidade e alucinações. Anuncia o romance de uma forma real - e não ideal - com chamadas de um som tropicalista, cinematográfico e francês. Para retocar, as letras são em maioria confissões dessa carioca de 30 anos.
Bom, vamos mastigar o disco. Primeiro o nome, que veio de um apelido. Bad era como Bárbara era chamada na adolescência. "Eu era ranzinza, mais do que o normal, mais que meus amigos", diz ela. Aí, na mudança do Rio de Janeiro para São Paulo, em 2005, os e-mails enviados para a cidade maravilhosa eram titulados de 'Journal de Bad'.
Nesse Journal, a primeira página responde por "A Chave". Uma balada à lá Beatles que fala da fuga do rapaz quando a moça quer casar. Em seguida vem "Por Aí", mais anos 60 do que o próprio charme de beber coca-cola na lanchonete da esquina. Na próxima página está "Embrace My Heart And Stay", uma lasciva súplica de amor - daquelas para ouvir no escuro, fumando mil cigarros. "Haru" e "Ficar Assim" são baladas que focam no fim de um relacionamento. Depois vem "Drop The Bombs". Ah, "Drop The Bombs"… A cereja do bolo. Uma psicodelia complexa, imaginária. Tudo para dizer que você não precisa dele, então solte as bombas.
Depois vem a sutil "Dos Pés", com participação de Tatá Aeroplano (Cérebro Eletrônico e Jumbo Elektro). Em seguida nos deparamos com o ar frânces de "Agradecimento" e o rockzinho de "O Oposto do Osso". Depois vem a cinematográfica "O tempo", enchendo os corações de néon da cidade, dos motéis e cabarés.
Os anos 60 voltam na leve "É, rapaz". E ainda psicodelicamente, loucamente e mais poética vem "Dor e Dor", acompanhada de ninguém menos que Tom Zé (sim, ele é louco e o melhor tradutor dos dias contemporâneos). Para finalizar, "Sinta o Gole Quente do Café Que Eu Fiz Pra Ti Tomar". Finalizar com chave de ouro brasileira, pois essa é mais "tupiniquim" do álbum. Dançante como uma marchinha. Gostosa como uma grande xícara de café ao lado de um bom Journal.
Ouça o álbum na íntegra:
* Postagem feita por Diego Drush, jornalista, mora em São Paulo e adora coisas ligadas à arte, música e comportamento. Colabora esporadicamente com novidades da música sem rótulos e firulas.
Nenhum comentário