Resenha: Chairlift – ‘Moth’
Caroline Polacheck e Patrick Wimberly apresentaram no último dia 22 o terceiro disco de estúdio do Chairlift. Intitulado ‘Moth’, o trabalho reúne em 10 faixas 4 anos de experimentos e inspirações, desde o ótimo ‘Something’ (2012), de faixas como “I Belong in Your Arms” e “Amanaemonesia”. Nosso objetivo com essa resenha é realizar um faixa-a-faixa sobre o novo álbum da dupla e saber se os norte-americanos souberam criar um trabalho digno de pertencer à discografia do Chairlift.
Antes de tudo,
Devaneios a parte, logo que ‘Moth’ começa a tocar, nos deparamos com um trabalho repleto de sonoridades diversas. A introdução calma e experimental feita por “Look Up” disfarça esse caldeirão de sons que é o novo trabalho de Polacheck e Wimberly. Levemente ruidosa, a composição conta com uma linha de baixo, sintetizadores e percussão extremamente pontuais, que deixam todo o brilho para os vocais de Caroline, que brilham e esbanjam técnica e potência.
Em seguida, somos apresentados à “Polymorphing”, uma das faixas mais interessantes do trabalho, com seu clima retrô, guitarras swingadas e saxofones, que garantem à canção uma aura oitentista e pronta para as pistas.
“Romeo”, a terceira faixa do trabalho e velha conhecida de todos, se apresenta como uma composição rica e bem produzida em todos os aspectos, com Caroline entoando versos sobre Atalanta, personagem da mitologia grega e um jogo de conquista moderno, enquanto violões, sintetizadores e bateria servem de base para conduzir tal letra.
Após “Romeo”, nos deparamos com o primeiro single oficial do trabalho. A cheia de ginga e sensualidade “Ch-Ching”. Flertando com a música folclórica indiana, a faixa é um synthpop respingado com elementos de soul e R&B, ladeado por saxofones que se apresenta como uma das melhores composições do trabalho, quiçá da carreira do duo.
Sucedendo o lead single do trabalho, “Crying In Public” remete à introdução feita por “Look Up”, mas sem se tornar uma cópia da primeira faixa do trabalho. Apostando em letra delicada e uma sonoridade leve, com sintetizadores espaciais, a canção aposta em uma letra sentimental para amarrar o conjunto e entregar um resultado dentro da média vista até agora.
“Ottawa to Osaka” preenche a cota experimental do trabalho, com sua aura irregular, som de máquinas e elementos orientais, ao lado dos vocais de Caroline, que funcionam como uma extensão da instrumentalidade da faixa.
“Moth To The Flame” é, sem sombra de dúvidas, a composição mais curiosa do trabalho. Por destoar de tudo que foi apresentado até agora, e por apostar em um som amigo das pistas e repleto de elementos pop e disco, a curtinha faixa coloca o ouvinte refém do repeat no meio da execução do trabalho.
“Show U Off” mescla elementos experimentais, linhas de baixo e os vocais sensuais de Caroline e cria uma mistura interessante e poderosa, sendo uma das melhores apostas para single sucessor de “Romeo”.
Já próximo do fim, ‘Moth’ nos apresenta a melancólica “Unfinished Business”, uma balada minimalista e densa sobre o fim de um relacionamento que exala dor. Certamente, a composição é uma das maiores surpresas do trabalho, por trazer um tema denso de forma tão delicada.
Apresentada como última faixa do trabalho, “No Such Thing as Illusion” se revela uma épica composição experimental de mais de seis minutos, com sintetizadores certeiros e um discreto baixo, que fazem a faixa, apesar de estranha, soar simples e acessível ao ouvinte.
‘Moth’ apresenta em sua composição uma miríade de experiências e experimentos, feitos ao longo de quatro anos. Apesar de soar levemente desconexo, o trabalho traz como fio condutor e um dos seus maiores trunfos os vocais de Caroline Polacheck, que vive uma de suas melhores fases como cantora e musicista, entregando ao ouvinte composições frescas e leves, tornando o terceiro disco de estúdio da banda presença obrigatória nas listas de quem aprecia boa música.
Ouça: “Polymorping”, “Romeo”, “Ch-Ching”, “Crying In Public”, “Moth To The Flame” e “Unfinished Business”.
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