Resenha: Sia – ‘This Is Acting’
O sétimo disco de estúdio de Sia é uma curiosa colcha de retalhos. Partindo da ideia inicial de ser um álbum de composições devolvidas por outros artistas – daí o título –, a australiana revelou 12 composições escritas para nomes como Adele, Beyoncé, Katy Perry, Shakira e Rihanna, entre muitos outros. Será que Sia acertou na atuação? Essa pergunta será respondida nas próximas linhas.
É complicado analisar ‘This Is Acting’. Apesar de ser um álbum de inéditas, o trabalho não é um simples disco. Está mais para uma coletânea, vide a diversidade nas faixas presentes na tracklist. O registro vai de uma sonoridade triste e densa à festiva em alguns simples minutos, soando completamente desconexo, quase como um Best Of. Mas a australiana possui um argumento poderoso sobre tal diversidade: isso é atuação. Parece Sia, mas não é.
Encabeçado pelas melancólicas “Bird Set Free” e “Alive”, ambas compostas para Adele, o álbum começa melancólico e poderoso, criando expectativas no ouvinte, que se desaponta ao deparar-se com a fraca “One Million Bullets”. Provavelmente composta para Katy Perry, a composição deixa o ouvinte alerta e com medo do que pode vir pela frente no compilado de faixas.
O que se dá em seguida é a repetição de sensações boas e ruins, intercaladamente. Nos deparamos com a genérica “Move Your Body”, mas logo em seguida com uma sequência formada por três ótimas faixas: o hino da auto-estima “Unstoppable”, a viciante “Cheap Thrills” e “Reaper”, que apesar de não ser inicialmente para Sia, se liga um tanto à sua história de vida. As faixas foram compostas para Shakira e Rihanna, respectivamente.
Já na segunda metade do trabalho, somos apresentados à uma Sia interpretando... Ela mesma. Faixas que soam como b-sides e reedições de canções já lançadas pela artista – muitas delas inclusive podendo entrar facilmente na tracklist de seu último disco de estúdio, o aclamado “1000 Forms Of Fear”.
Apesar de soar como si mesma, Sia entrega baladas potentes e interessantes. Obviamente não há uma reinvenção da roda – seria demais esperar isso do trabalho. Com exceção de “Sweet Design”, a mais experimental do registro, nos deparamos com sons explorados nos discos anteriores da australiana. “House On Fire”, “Footprints” (composta para Beyoncé) e “Broken Glass” são faixas boas, mas perdidas em meio a esse misto de emoções gerado pelo álbum.
Encerrando o disco, temos a melancólica “Space Between”. Amarga, dolorida e crua, a faixa entrega uma das melhores composições e interpretações já feitas pela australiana que, ironicamente, entregaria para outra pessoa.
‘This Is Acting’ é uma verdadeira montanha-russa. Possui subidas lentas, quedas bruscas, loopings e momentos calmos. Apesar disso, o ouvinte deve ter consciência de que quem conduz isso tudo sabe muito bem o que está fazendo. Cabe a ele apenas aproveitar o que o disco proporciona, sem esperar muito do conjunto. O álbum certamente não é o melhor trabalho da artista, mas apresenta qualidade em sua construção e, no mínimo, entretém de forma competente quem dá uma chance.
Ouça: “Bird Set Free”, “Unstoppable”, “Cheap Thrills”, “Reaper” e “Space Between”.
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