Resenha: Shura abre as portas do seu universo particular em 'Nothing's Real'
Há dois anos, Alexandra Denton, nome por trás do projeto Shura, surgiu em nossas vidas com dois promissores singles: “Touch” e “Just Once”. A cantora britânica de ascendência russa logo cativou a todos com seus synths empoeirados e melancólicos, revelando-se um nome a ser observado, fato comprovado pela BBC ao listar a artista entre suas apostas para 2015.
De lá para cá, a artista apresentou composições novas e ganhou (ainda mais) fãs com sua música. Eis que 2016 chega à sua metade e com ele, o acesso ao debute de Shura. Conseguiu a artista atender as expectativas lançadas sobre ‘Nothing’s Real’? Tentaremos responder essa pergunta nas próximas linhas desse texto.
Composto por treze faixas, ‘Nothing’s Real’ conta em sua tracklist com todos as faixas liberadas anteriormente pela artista, à exceção de “Just Once”, presente apenas no perfil do Soundcloud de Shura.
Apesar de contar com elementos dançantes, ‘Nothing’s Real’ se apresenta como um disco tristonho, que carrega parte da história de Shura em cada um de seus sinceros e convincentes versos.
Cada uma das canções presentes no álbum funciona como uma espécie de capítulo narrado pela produtora, que alterna relatos sobre problemas de saúde com episódios de corações partidos, que permeiam todo o trabalho.
Partindo de um dualismo explicitado no antagonismo protagonizado por passagens dançantes e melancólicas, o disco carrega uma lista de faixas heterogênea em sua sonoridade, mas ao mesmo tempo convincente e que realmente funciona, como no momento em que somos apresentados à uma dançante “Indecision” cravada entre as tristonhas “Kidz ‘N’ Stuff” e o indie rock de “What Happened To Us”.
Alguns dos momentos mais inspirados presentes na obra são as faixas “What’s It Gonna Be”, “White Light” – e sua faixa secreta “311215” – e “The Space Tapes”, composição que beira os dez minutos e casa do experimentalismo testado por Shura no trabalho, com alguns elementos psicodélicos.
‘Nothing’s Real’ soa repetitivo sobre seus temas e sonoridades em alguns (muitos) momentos. Mas, diferentemente de outras obras, isso soa necessário, como se a cantora se libertasse de forma fracionada das experiências ruins de seu passado e permitisse ao ouvinte participar desse processo.
Ouça: “Nothing’s Real”, “What’s It Gonna Be”, “Indecision”, "Make It Up", “White Light” e “The Space Tapes”.
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