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Resenha: Tame Impala – ‘Currents’



Dois anos após o lançamento do aclamado ‘Lonerism’, de faixas como “Feels Like We Only Go Backwards” e “Elephant”, os fãs se perguntavam qual caminho o Tame Impala trilharia em sua nova fase. A resposta para essa pergunta surpreendeu a todos, com uma sonoridade renovada e dançante acompanhadas de letras nem um pouco felizes.

Para quem esperava um álbum nos moldes do anterior vindo de Kevin Parker, o épico single Let It Happen” acendeu uma luz vermelha na cabeça de todos e semeou a dúvida nos corações dos fãs e entusiastas do trabalho do músico. Logo na primeira faixa, o australiano provou que os caminhos percorridos em seu terceiro LP de inéditas seriam outros, e isso pôde ser visto com mais clareza no primeiro single oficial do registro, a balada 'Cause I’m a Man”.



Provavelmente um divisor de opiniões entre os fãs, ‘Currents’ apresenta ao público um Tame Impala flertando com os anos 70, a disco music e eletrônica encorpada, enquanto fala sobre o término de relacionamento do multi-instrumentista com a cantora francesa Melody Prochet.

Parte das guitarras características do projeto ficam em segundo plano, dando espaço para espertos sintetizadores que garantem um novo e interessante ar ao que os australianos vêm fazendo, criando camadas densas, repletas de uma sonoridade acolhedora, ao mesmo tempo em que letras completamente biográficas acompanharem o trabalho.



A essência original dos rapazes está lá, intacta. O que temos agora, junto de tudo isso é uma forma ainda mais acessível de transmitir ao ouvinte todos os sentimentos cantados nos versos do novo disco. E para os saudosistas do Tame Impala de ‘Lonerism’ e ‘InnerSpeaker’, a faixa Eventually” faz o papel de ponte com os trabalhos anteriores, com sua sonoridade levemente ruidosa, como uma possível irmã perdida de “Mind Mischief”.



Parker afirma que o disco não é de todo sobre o rompimento, mas é na triste “Yes, I’m Changing” onde encontramos o cerne do trabalho, com um Parker magoado, mas tentando seguir em frente, buscando uma mudança e dizendo para sua garota que ela ficará bem também, apesar de tudo. Em algumas partes, ele traduz inspirações sobre fatos recorrentes em sua vida, onde imagina que podem ter acontecido com qualquer um, coisas cotidianas, como na rápida e certeira Disciples” e na deliciosa balada “Love / Paranoia”.



Parcialmente mais dançante que os registros passados, vide canções como “The Moment” e “The Less I Know The Better” – apesar das letras tristes, o disco consolida a banda como um dos maiores nomes do rock psicodélico e Kevin Parker como um nome de peso no cenário alternativo, com sua produção impecável, fazendo com que a execução de cada faixa seja um evento único e permita uma grande ligação com os sentimentos do músico nesse momento.



‘Currents’ apresenta-se como um álbum consistente e belo, mesmo que nem um pouco feliz, onde possíveis pequenas falhas são suprimidas em sua execução fluida e leve. E embora Parker, que tem fama de perfeccionista, não tenha ficado cem por cento satisfeito com o produto final, o disco é, certamente, um dos grandes destaques do ano.

OUÇA: “Let It Happen”, “The Moment”, “Yes I’m Changing”, “The Less I Know The Better” e “‘Cause I’m A Man”.

TAME IMPALA | 'CURRENTS' (2015)
NOTA: 9/10
★★★★☆


Modular / Universal

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