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O carioca Gorilla Brutallity explora a conectividade virtual em novo álbum



Em uma era onde a artificialidade toma conta das artes, é cada vez mais comum nos depararmos com produções elegantes que exploram a flexibilidade virtual na música. O duo carioca Gorilla Brutallity é um belo exemplo em ascensão, que flerta com diferentes estilos da música eletrônica experimental com as inspirações digitais.

Sediado pela Domina, um selo independente do Rio de Janeiro, os produtores acabam de lançar o primeiro álbum de estúdio, sem título definido propositalmente. O resultado é uma coleção de samples – desde Beyoncé, ASMR e barulhos externos –, que oscilam entre instrumentos orgânicos, trip hop e a chamada IDM.

Conversamos com os produtores Alexandre Colchete e Eduardo Colombo, os nomes por trás do Gorilla Brutallity, sobre o processo de produção do disco e a extensão do material para um público seleto.

O projeto existe há quanto tempo? Quem são os produtores por trás do Gorilla Brutality?

O Gorilla existe há quase 10 anos. Fazíamos apresentações improvisadas que variavam desde experimentação a musica de pista. Muitas pessoas participaram e ajudaram a construir o clima e as referencias, como Guilherme da Mata e Marcelo Mudou (um dos responsáveis do selo Domina). Hoje quem carrega o projeto somos dois (Alexandre Colchete e Eduardo Colombo) e acabamos trazendo um pouco desse passado. Para esse disco teve ainda a participação extremamente significante de Guilherme Campanati que também está no projeto desde o início.

O universo do Gorilla Brutality é baseado na conectividade virtual, na estética vaporwave e no caos do cotidiano com pitadas trash e surrealistas. Essas inspirações serviram de base na construção do disco?

Durante a produção era extremamente comum intervalos para pegar um ar fresco nesse tipo de conteúdo. Mas não são somente inspirações, mas muitas vezes o próprio disco. As fontes dos samples, principalmente dos que dão personalidade às tracks, são desse universo onde acontece essa negociação peculiar entre elementos morais, culturais, etc. Bem Vindos Ao Meu Blog [1] faz uma boa coletânea.



O disco tem uma característica bem notável que é a de não seguir nenhum estilo específico, bem como a falta de uma identidade para as faixas e o título da obra em si. Qual foi o método usado para produzir o álbum?

Isso acabou sendo uma espécie de contaminação da nossa experiência com música. Passamos muito tempo tocando improvisado e nossa produção mais recente, mesmo que sem o uso de instrumentos, ocorreu de forma parecida. Então, nossa discussão de que categoria musical a gente se enquadra, por exemplo, só apareceu no final. E achamos que seria falta de sinceridade com o trabalho construir uma narrativa a posteriori.

As faixas do registro parecem estimular os sentidos e cria, naturalmente, uma conexão íntima e experimental para quem ouve. Essa conexão também existe nas apresentações ao vivo?

Desde o inicio do projeto convivíamos num limbo entre o que é experimental e a música de pista. Na prática, essas coisas ainda são contrastantes já que quando o sujeito vai à balada ele não espera ouvir algo em construção mas algo concreto, mais familiar aos ouvidos, que estabeleça sem tropeços aquele clima nice de pista. Naturalmente a gente começou a se aproximar da galera que produz musica eletrônica no Rio e hoje temos uma apresentação formatada para a pista, com a principal intenção de ampliar a divulgação do disco.

As apresentações ao vivo continuam tendo elementos improvisados, mas agora usamos o material do disco como banco de samples e tudo é mais amarrado. Então ao vivo, aparecem umas versões desconstruídas e estendidas das tracks.



Quais foram os discos que vocês mais ouviam durante a produção do disco?

Durante a produção, fizemos uma coleção de tracks em que achávamos alguma referencia relevante como The Field, Aphex Twin, Vid, Petre Inspirescu, Blank Banshee, Four Tet, Floating Points, Unknown Artist, mas também passando por outros gêneros como Madlib, Flying Lotus, Teebs, Mulatu Astatke, Björk (Vespertine), Thom Yorke (The Eraser), Chet Baker, Miles Davis e claro, música pop em geral.

Existe alguma possibilidade de expandir o projeto para fora do Brasil?

Um caminho possível é tentar fazer conexão com selos e produtores de fora. Tivemos experiência com alguns casos pontuais. Temos duas tracks lançadas por um selo do Mexico (Breaking Madera e Kronik pela Quiero recordings [2]), por exemplo, nesse ano mesmo. Há uns anos atrás a gente fez também um remix pro Nomadic Firs (track Tellico [3]) de Knoxville (EUA). Agora o ponto principal seria manter uma produção. Já estamos com algumas ideias, vamos ver até onde isso leva.

Ouça o disco na íntegra no player abaixo:

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