Resenha: Ladyhawke encontra a felicidade em 'Wild Things'
É interessante olhar para o trabalho de Philippa Pip Brown, produtora e musicista por trás do projeto neozelandês Ladyhawke como uma história contada em capítulos. Se em seu trabalho de estreia, o autointitulado ‘Ladyhawke’ (2008), Brown apresentava a todos as suas visões de mundo, em ‘Anxiety’ (2012), assim como no título, Pip trouxe a sua ansiedade e seus problemas com a depressão e o álcool como pauta principal para os ouvintes.
Eis que quatro longos e tempestuosos anos se passaram e, agora em 2016, a artista revela o terceiro capítulo de sua narrativa, após deixar o vício e se mudar de Londres para Los Angeles, além de trocar de gravadora.
O amor e o otimismo são as ideias centrais de ‘Wild Things’. Há grande influência do recente casamento da musicista com a atriz também neozelandesa Madeleine Sami, em 2015. É claramente perceptível no novo registro um clima mais leve e positivo do que o visto antes, com arranjos menos densos e uma sonoridade ensolarada.
A eletrônica com pitadas de indie rock tão característica da artista ainda está presente e mantém sua essência intacta, apesar de suprimir bem mais as guitarras do que nos trabalhos anteriores, vide o carro-chefe do registro, a pegajosa “A Love Song”, com seus sintetizadores açucarados e letra sobre o modo como o amor pode ser libertador.
Mesmo trazendo o amor em sua temática principal ao longo de todo o registro, é na faixa-título que percebemos toda a grandiosidade do trabalho. De introdução longa e sonoridade linear, “Wild Things” revela-se como uma declaração poderosa e verdadeira, pronta para causar arrepios e emocionar o ouvinte, com seus sintetizadores hipnóticos e grandiosos.
É difícil classificar o terceiro disco de estúdio da artista como sendo bom ou ruim, visto que é mais uma prova de superação e libertação do que um simples disco de estúdio. Todo o mérito deve ser dado à Brown, que criou uma obra coesa e convincente, prendendo o ouvinte em suas harmonias doces e arranjos despretensiosos, enquanto apresenta todas as suas “(boas) coisas selvagens”.
NOTA: 9,0/10
Ouça: “A Love Song”, “Wild Things”, “Let It Roll”, “Hillside Avenue” e “Dangerous”
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