[Radar] Conheça Alex Winston e seu injustiçado indie pop
Conheci Alex Winston por meio de um amigo em 2012. A primeira vez que ouvi a moça, soou de forma tão diferente – diria única, que imediatamente entrou para o rol dos meus artistas preferidos, aqueles que eu guardo no coração, mais que na minha caixa de discos.
Alex é uma injustiçada. Seu álbum de estreia, o ótimo ‘King Con’ (2012), possui uma aura estranha, esquisita. Você sabe que tem algo mais ali, é inexplicável esse sentimento. Suas composições ácidas, sua instrumentação não-convencional, mesmo que no meio independente, chama a atenção do ouvinte, do início ao fim. Faixas como a ótima (e retrabalhada pelo RAC em um remix) “Velvet Elvis”, “Host”, “Guts” e “Sister Wife” estão lá para provar meu ponto de vista. Alex merece mais atenção.
A norte-americana, natural do Michigan, foi treinada inicialmente em ópera – isso explica boa parte dos seus vocais. Sempre encorajada pelos pais a seguir no ramo da música, a garota, que é autodidata em piano e guitarra, começou a correr atrás de seu sonho logo após terminar o ensino médio, começando a tocar ainda bem jovem com alguns amigos nos arredores de Detroit, lançando em 2007 seu primeiro EP, ‘By The Roots’. Em 2010, a garota foi para Nova York, em busca de seu objetivo. “Eu sempre soube que queria fazer isso, foi tudo o que eu sempre estive interessada em fazer”, disse Alex em uma entrevista de 2013.
Alex trabalhou inicialmente com o duo The Knocks, e ainda em 2010 lançou o EP ‘The Basement Covers’, pelo selo independente Heavy Roc. O trabalho conta com dois detalhes interessantes: o primeiro é que foi totalmente gravado no Garageband. O segundo é que chamou a atenção da crítica do Reino Unido, o que rendeu comparações à nomes como Kate Bush, Joanna Newson e PJ Harvey.
Após esse período, Winston lançou dois singles, que viriam fazer parte de seu terceiro compacto e, posteriormente, do álbum de estreia. “Choice Notes” e “Locomotive” foram os carros chefes do EP ‘Sister Wife’, lançado em 2011. Nesse ano, Alex finalmente assinou com uma gravadora grande: Island Records viu potencial na artista e, após assinar o contrato, a norte-americana relançou ‘Sister Wife’, junto de uma série de remixes, começando em seguida a trabalhar em seu disco de estreia. ‘King Con’ contou com nomes de peso em sua produção: além do já citado The Knocks, Bjorn Yttling (Lykke Li) e Charlie Hugall (Florence and The Machine) participaram do processo de criação do material.
Mas como nem tudo dá certo sempre – e aí eu bato na tecla da injustiça, ‘King Con’ chegou no meio de uma tempestade. Junte uma gestão ruim com falta de sorte e temos a receita para o desastre. O Reino Unido que tanto amou ‘The Basement Covers’ foi duro com o álbum de estreia da garota. A BBC chamou o disco de “triste e desprovido de imaginação”, comparando-a, de maneira negativa, à Lily Allen.
Nos Estados Unidos, o disco se saiu um pouco melhor: A SPIN disse que “o álbum soa como um manancial de melodias implacáveis, aliados à uma peculiaridade sísmica”. Mas ainda assim, as coisas não haviam melhorado para Alex. O disco foi lançado e só. Não houve uma turnê, não houve um buzz, nem nada. Mais uma vez, a má gestão atacou o trabalho, que não recebeu uma divulgação à altura por estar no meio de um impasse. A gravadora afirmou que para promover o trabalho, Winston deveria estar em turnê. E o responsável pela turnê afirmou que para estar excursionando, a garota deveria estar recebendo apoio da gravadora. Nem uma coisa, nem outra: o disco ficou no meio do caminho.
Winston acredita que não tinha o truque que as cantoras em alta possuem. Enquanto recebia a visita dos agentes da Island Records, que perguntavam sobre o que gostava, para que pudessem explorar isso (inclusive tentando faze-la soar sexy, coisa que detestou), Alex fornecia respostas sinceras e reais, como gostar de documentários, que infelizmente não agradavam os executivos.
Como se não bastasse esse turbilhão de problemas, em janeiro desse ano, enquanto se apresentava, Winston teve uma hemorragia nas cordas vocais, tendo que ficar afastada por um tempo daquilo que mais gosta depois dos documentários. Quando melhorou, alguns meses depois, começou a trabalhar na divulgação de algumas faixas lançadas pelo selo 300 Entertainment. Dessa nova etapa vieram coisas como “101 Vultures”, “Careless”, “We Got Nothing” e, mais recentemente, o EP ‘The Day I Died’. Composto por três faixas, o compacto serve como a libertação final de Winston, que agora pode fazer música da maneira como bem entende, sem amarras e sem pressão. Nesse momento, a cantora está na plataforma de financiamento coletivo Pledge para arrecadar fundos e lançar o novo trabalho de forma totalmente independente.
Acompanhe o trabalho de Alex Winston curtindo sua página no Facebook, ouvindo suas faixas no Spotify e apoiando seu trabalho no Pledge Music.
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