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Resenha: Thunderbitch – ‘Thunderbitch’



Brittany Howard definitivamente é uma workaholic. O público mal teve tempo de digerir as maravilhas do último álbum do Alabama Shakes, 'Sound & Color', e a líder da banda se uniu a membros das bandas Fly Golden Eagle e Clear Plastics Masks , de Nashville, para montar o projeto Thunderbitch. Sob o lema "Rock 'n' roll e fim", todos os membros adotaram pseudônimos - Thunderbitch, Matt Man, B Bone, ThunderMitch, Char Man e A Man - para incorporar uma banda de garage rock que beira o pastiche.

Para quem, como eu, não considerou o Thunderbitch como uma paródia, a audição pode se tornar um tanto exaustiva. O problema é que o álbum é tão pesado e repleto de instrumentos musicais gritantes que eu mesma me encarreguei de fazer as minhas pausas de alívio - e sim, arrematei este review ao som de U2. Antes que você me considere uma picareta, aviso que o álbum pode sim agradar aos adeptos de sonoridades mais marginais, especialmente as descendentes do movimento punk-rock britânico.

Este tratado sobre os estereótipos do garage rock começa com um hino ao uniforme do movimento. "Leather Jacket" ("jaqueta de couro") soa um tanto adolescente e é divertida. Tem uma ótima introdução. No entanto, quando Brittany inicia sua participação, o primeiro pensamento que me vem à mente é o de que o garage rock não é um gênero que valorize as maiores qualidades vocais de Brittany.

"I Don't Care" é uma das canções que mais remetem à obra dos Ramones. Uma barulheira animada, que contrabalancea o peso de seus instrumentos com a curta duração da canção. Já "I Just Wanna Rock n Roll" soa um tanto mais vintage, rockabilly, com um teclado modesto que sabe se fazer notar.



"Eastside Park" é contagiante, com palmas que remetem ao rock'n'roll dos anos 50 e instrumentos de cordas mais leves. É Brittany a responsável por acrescentar à canção um tempero selvagem, aos berros, acompanhada de backing vocals entusiasmados.

"Closer" traz uma ótima performance vocal, que vai dos sussurros às notas mais altas, em um gradiente impressionante, quase sensual. Tem um instrumental rico, com aparições surpreendentes da percussão e da guitarra. Tem uma finalização dramática e potente, que fará todo o publico levantar as mãos para o alto.

"Wild Child" surpreende pela introdução, mas é uma canção imatura, atrapalhada. É o tipo de punk rock que faz você balançar a cabeça enquanto se contorce como uma minhoca na pista. Pode ser muito divertida para alguns, e cansativa para ouvidos mais sossegados. "Very Best Friend" é cansativa diante de todo o álbum, mas possui um refrão chiclete, capaz de elevar a temperatura da canção. Tem uma ótima finalização, com uivos e um instrumental descrescente, capaz de nos fazer pedir por mais.

A partir daqui a vaca começa uma marcha determinada rumo ao brejo. "My Baby is My Guitar", estranhamente, soa fraca por ter muitos agentes musiciais em ação. Os vocais se perdem em meio ao instrumental sujo e descordenado. Após experimentar toda esta quantidade de energia concentrada, na metade da canção, eu já torcia para que ela logo acabasse.

"Let Me Do What I Do Best" traz uma ótima performance da bateria e dos teclados, mas soa repetitiva diante do repertório do álbum. Os vocais quase se perdem em meio aos instrumentos.

"Heavenly Feeling" traz alguns elementos do blues rock para a performance de Brittany Howard, o que é ótimo. Tenho cá as minhas dúvidas se ela é realmente a melhor escolha para finalização do álbum. Surpreendedo-me com o instrumental na segunda parte da canção.

'Thunderbitch' não é um álbum sensacional, mas é divertido e definitivamente tira a líder do Alabama Shakes da sua zona de conforto - se é que ela existe. Todo o álbum soa como quem está descobrindo um pouco mais sobre um gênero musical, e o que vemos primeiro são estereótipos. Em diversos momentos das minhas audições, vislumbrei a imagem dos fantasmas do Ramones pairando sobre o garage e o punk rock que eles criaram com genialidade e pouco esmero.



O primeiro ábum do Thunderbitch já está disponível para venda nos formatos vinil e digital e pode ser ouvido na íntegra no site da banda. Sobre turnês, a única resposta destes alter egos é um "talvez algum dia...?". Talvez eu tenha de levar as coisas um tanto menos a sério. O que importa aqui é o rock n roll.

 NOTA: 6,5 / 10


Você precisa ouvir: "Eastside Park", "Closer".

Imagem em destaque: Ashley Boyd Jones. Fonte Pitchfork

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