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Resenha: Beach House celebra a tristeza e aperfeiçoa técnica em 'Depression Cherry'



Beach House é o tipo de banda que não precisa mais provar o seu valor. Vejamos sua discografia: desde o primeiro disco da banda, auto-intitulado, é perceptível que cada registro é o aperfeiçoamento do som feito no trabalho anterior, sempre hermético e preso dentro de um universo paralelo de sonhos enevoados.

Prova disso é o novo álbum da dupla, formada pela francesa Victoria Legrand e o norte-americano de Baltimore, Alex Scally. ‘Depression Cherry’ talvez possua a tarefa de superar o ótimo último disco da banda, ‘Bloom’ (2012). Ou talvez não. Repito: Beach House é o tipo de banda que não precisa mais provar o seu valor.


O universo experimentado pelo casal é bem íntimo de todos os que acompanham o trabalho feito pela dupla. Sintetizadores nebulosos, guitarras ora pontuais, ora mais presentes, letras densas e divagantes provam que nem sempre estar na zona de conforto é uma coisa ruim.
Pelo fato de estar bem firmado dentro de uma sonoridade própria, o Beach House pode se dar ao luxo de apenas variar pequenos detalhes de um trabalho para o outro. Um ótimo exemplo é “Levitation”, faixa que abre o registro como uma espécie de gêmea da faixa “Wishes”, presente no registro anterior.

Nos momentos pontuais em que a inventividade aflora, somos apresentados a preciosidades como flerte com o shoegaze no primeiro single do trabalho, “Sparks” e “Beyond Love” – essa última uma das melhores faixas do registro, junto com “PPP”.


Mais uma vez: por não precisarem mais provar seu valor na cena alternativa, o Beach House tem liberdade para fazer o que quiser com sua música. Inclusive criar um disco que na maioria das suas letras é repleto de devaneios e seja triste. Muito triste.

Entre as faixas do registro, o destaque vai para as já citadas “Beyond Love” e “Sparks”, além de  “PPP”, por demonstrar toda a sensibilidade perante o amor de Alex e Victoria em versos como “Someone once told me / In love, that you must / Place all you're given / In infinite trust” e “Wildflower” junto com “Bluebird”, por trazerem um respiro ao ouvinte, com sua instrumentação um pouco mais acelerada, algo incomum no trabalho da banda.



‘Depression Cherry’ é um disco melancólico, denso, ruidoso, que divaga e apresenta um Beach House mergulhado na zona de conforto, aperfeiçoando sua técnica enquanto revisita os principais êxitos de sua carreira. Porém, a receita que poderia desandar e entregar um disco completamente esquecível deu certo e apresentou um compilado de canções que celebram a tristeza e encontram a beleza desse sentimento tão sincero.


Ouça: “Sparks”, “Beyond Love”, “PPP” e “Bluebird”.

 NOTA: 8,5/10 

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